Pais, professores e prefeitura falam sobre o impacto da greve na rotina dos estudantes

Dois dias após a prefeitura enviar a proposta final da Reforma da Previdência ao Legislativo, o Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) iniciou nesta quarta-feira (5) o período de greve na rede municipal, por tempo indeterminado. O Grupo Diário esteve em algumas escolas para acompanhar o primeiro dia de paralisação e falar com professores e pais. Há a possibilidade, inclusive, de que, com a greve, o ano letivo deste ano seja concluído apenas em 2026. 

A Emei Darcy Vargas, no Bairro Nossa Senhora do Rosario, irá aderir à greve a partir da próxima segunda-feira (10). Ao todo, são 300 crianças, com idades de 1 a 5 anos, atendidas por 23 professores. Para a diretora da escola, Márcia Beck, as aulas só não foram suspensas nesta semana por conta de formaturas já agendadas nos os anos iniciais. Com portas fechadas na próxima semana, o objetivo é buscar por direitos que a diretora considera cada vez mais defasados com a nova reforma previdenciária do município.

– Eu gostaria que alguém viesse aqui na escola passar um dia, não digo anos, como nós, 15 ou 16, mas um dia numa turma integral de bebês, sozinho, atendendo 18 crianças. Trocando fralda, pegando no colo, dando banho, dando alimento e fazendo a parte pedagógica, porque ninguém fica aqui o dia inteiro sem fazer nada. É tudo planejado. As professoras têm o plano de aula delas e seguem aquilo. Então, não é assim: chegar, largar numa sala de aula e deixar ali o dia inteiro. Não. Não é assistencialismo. Nós não somos uma rede de apoio. Somos educação. Isso tem que entrar na cabeça das pessoas, porque acham que a Educação Infantil é para cuidar das crianças. Não é isso. É um direito da criança, da educação, mas aqui não é um depósito. Aqui é para eles irem socializando e entrar no mundo da alfabetização por meio do lúdico e das brincadeiras. As pessoas têm que entender que é trabalhoso, é difícil.

Já a Emef Dom Luiz Victor Sartori, localizada no Bairro Nonoai e que registrou quase 10 ocorrências de furtos de fios ao longo deste ano, está remanejando as aulas para sábado, com o objetivo de cumprir os 200 dias letivos e as 800 horas-aulas que devem ser garantidas. Além dos roubos, as paralisações também atrasaram o período letivo. Para Ana Laura Batista de Goes, 34 anos, mãe de uma criança autista que integra o quadro de alunos da instituição, o desafio é a falta de rotina.

– Quebra a rotina dele, o que é muito complicado. Ele tem que seguir uma rotina certinha todos os dias. Desregula tudo, ele fica alguns dias sem ir na escola, e quando retorna, já volta alterado. Complica bastante para ele esses dias que não tem aula – comenta Ana.

Embora não tenha aderido à greve, a direção da Emef Dom Antônio Reis, no Bairro Nossa Senhora Medianeira, teme que o ano letivo seja comprometido pelas paralisações. A diretora Loiva Marques não descarta o avanço das aulas para janeiro do ano que vem.

– Impacta muito. Nós vamos entrar em janeiro adentro recuperando aula. Então, vai atrasar o ano. Era um assunto que nós tratamos aqui na escola e já estamos nos programando para isso – afirma Loiva.

Das 83 escolas municipais de Santa Maria, conforme divulgado pela prefeitura às 19h30min desta quarta, cinco paralisaram totalmente as atividades, e outras 17 estão parcialmente em greve, ou seja, quando apenas alguns servidores aderem à paralisação, mas o atendimento aos alunos na escola permanece.. A orientação, segundo a secretária adjunta de Educação, Adriana Bonumá, é que os pais e responsáveis contatem diretamente as instituições para buscar informações sobre as aulas. 

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– Em relação às famílias, a gente orienta que sempre procurem as escolas. As escolas já estão tomando a iniciativa de orientar via redes sociais, em comunicação direta com as famílias, se vão ter o atendimento aos alunos ou não. A secretaria segue à disposição – concluiu.